quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Exposição de Pintura de Tamara Alves

O "bombing", pintura à pressa, num gesto de conquista e enchimento das cidades, são pseudónimo, signo de reconhecimento. Este gesto reforça a arte como assunto da existência (graffiti, tag, stencil, etc). "Eu existo- é aqui que eu existo", as assinaturas em espaço público impõem à sociedade a expressão do nome do artista, pseudónimo de maneira a não ser reconhecido pela autoridade. A assinatura neste caso é a obra e inversamente. Ela não se aplica para designar o autor da obra, mas dá-se a ver como tal, aplica-se nas paredes das cidades, exposta à visão colectiva. Nenhuma arte interage desta maneira com o nosso dia a dia, utilizando o espaço urbano como "tela".
Tamara Alves utiliza referentes à arte do graffitie nos seus trabalhos, mas os seus signos são desconstruídos; todo o significado que lhes era dado foi retirado. A imagem é um produto da nossa imaginação, e cada homem faz a sua percepção da imagem. Estes signos não fecham uma realidade, abrem possibilidades.
É um trabalho baseado em registos fotográficos, e os materiais que utiliza são essencialmente a tinta de spray e o stencil; as imagens surgem através de incisões no suporte (madeira ou parede); e a poesia de Rimbaud, Allen Ginsberg, Patti Smith, Baudelaire, Al Berto, etc., é várias vezes evocada, devido ao seu discurso destrutivo e inspirado nos motivos citadinos.
O trabalho de Tamara Alves é muito ilustrativo do panorama urbano, e expõe-no a novos horizontes de significado. O underground é representado como uma viagem a um mundo profundo.

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